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Saiba Mais Sobre a Hanseníase


Imagine viver em um país tropical, onde o calor e a umidade são parte do dia a dia. Agora, imagine que, mesmo em meio a toda essa beleza, uma doença antiga e estigmatizada ainda desafia os avanços da medicina moderna. Essa é a realidade da hanseníase, uma doença negligenciada que afeta milhares de pessoas, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Em 2022, o Ministério da Saúde registrou mais de 17 mil novos casos de hanseníase no país. Sim, é um número alarmante e que nos lembra do quanto ainda precisamos avançar.

Hanseníase: Uma Realidade Persistente

A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença que causa medo e preconceito. Mas vamos desmistificá-la: é uma doença curável, e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Então, por que ainda temos tantos casos? A resposta está nos determinantes sociais da saúde, aqueles fatores que influenciam a incidência, disseminação e controle de doenças.

Em 2021, 18 mil casos foram registrados, com 11,2% dos pacientes apresentando grau 2 de incapacidade física, uma situação grave que pode incluir lesões nos olhos, mãos e pés. Esses números mostram que a hanseníase ainda é um problema de saúde pública, refletindo as desigualdades sociais e a falta de acesso a informações e serviços de saúde adequados.

A Luta Contra a Hanseníase

Para enfrentar essa situação, o Ministério da Saúde lançou a Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase 2023-2030. O objetivo é ambicioso: um Brasil sem hanseníase. A estratégia incentiva os 75,03% dos municípios com casos notificados a intensificarem suas ações de enfrentamento, e os 24,97% sem registros a adotarem medidas para melhorar a vigilância e prevenção de incapacidades físicas.

A colaboração entre diversas entidades é fundamental. A estratégia foi construída de forma tripartite, envolvendo diferentes setores da sociedade, buscando garantir que todos tenham acesso à informação e aos serviços de saúde necessários.

Educação e Conscientização: As Chaves para o Controle

A falta de conhecimento sobre a hanseníase e suas formas de transmissão ainda é um grande obstáculo. Muitas pessoas não sabem que a doença tem cura e temem o estigma associado. Educação e conscientização são essenciais para mudar essa realidade. Informar a população e combater preconceitos promovem a inclusão e participação social das pessoas afetadas, ajudando a controlar a doença.

Uma Abordagem Intersetorial

A instalação do Comitê Interministerial para Eliminação da Tuberculose e Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS) é uma resposta significativa do governo federal. O comitê, coordenado pelo Ministério da Saúde, funcionará até janeiro de 2030, e seu plano inicial inclui enfrentar 11 enfermidades socialmente determinadas, como malária, esquistossomose e Doença de Chagas.

Entre 2017 e 2021, essas doenças foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil. O CIEDS busca não apenas fornecer tratamento, mas também propor políticas públicas intersetoriais voltadas para a equidade em saúde e a redução das desigualdades sociais. A meta é eliminar várias dessas doenças como problema de saúde pública até 2030.

Uma Visão para o Futuro

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destaca que essa iniciativa é um esforço coletivo entre governo e sociedade civil. “Não é possível pensar o Ministério da Saúde sem abrir essa grande angular, para que nela possa caber um país com tantas desigualdades, mas também com tantas potências, como é o Brasil. Por isso estamos todos juntos. Essa agenda significa a possibilidade de eliminar doenças como problema de saúde pública, algumas, inclusive, históricas. Esse comitê busca reduzir as desigualdades, para que tenhamos, efetivamente, saúde para todos”, afirma.

O desafio é grande, mas com políticas públicas intersetoriais e a união de esforços, é possível sonhar com um Brasil livre da hanseníase e de outras doenças socialmente determinadas. A informação e o acesso aos serviços de saúde são passos essenciais nesse caminho, rumo a um futuro mais justo e saudável para todos.


Referências: